A multinacional francesa L’Oréal prepara-se para imprimir pele humana a
três dimensões, uma alternativa aos testes em animais que a empresa espera
automatizar nos próximos cinco anos. A gigante dos cosméticos vai começar a
realizar impressões de 3D de tecidos humanos imediatamente, depois de se ter
associado, no início do mês, à startup norte-americana Organovo,
especializada na impressão de componentes orgânicos.
A ideia é fazer impressões
em 3D de tecidos vivos que possam depois ser utilizados para provar a eficácia
dos produtos da marca, em vez dos habituais testes em animais. A L’Oréal pretende
simplificar e automatizar a produção de pele num espaço de cinco anos, sendo
que a investigação para o projecto terá lugar nos laboratórios da Organovo, em
San Diego, e no novo centro de pesquisa da empresa de cosméticos, também
na Califórnia.
Segundo
um comunicado da L’Oréal, esta será a primeira aplicação da tecnologia em
questão na indústria da beleza. Na verdade, desde que a União Europeia (UE)
baniu os testes em animais, em 2013, que a criação de pele em laboratório se
tornou numa necessidade crescente no universo dos cosméticos. Agora, as
impressões em 3D podem render maiores quantidades de pele à L’Oréal.
A L'Oréal já procurou
anteriormente uma alternativa para não fazer testes em animais. Na década de
1980 a empresa começou a cultivar tecidos humanos. Um laboratório localizado na
cidade de Lyon, na França, trabalha exclusivamente na produção e análise de
derme com a ajuda de 60 cientistas. Por ano, cerca de 100 mil amostras de pele
são cultivadas. A quantidade é equivalente a quase cinco metros quadrados de
pele por ano ou ao couro de uma vaca. Cada uma das amostras tem 0,5 centímetro
quadrado.
O
vice-presidente global da incubadora de tecnologia da L'Oréal, Guive Balooch,
diz que eles são a primeira empresa de estética a trabalhar com a Organovo. No
método atual de produção, as amostras de derme são cultivadas a partir de
tecidos que são doados por pacientes de cirurgias plásticas da França. Esses
pedaços de pele são cortados em pequenos pedaços e reduzidos ao tamanho de
células.
Estas
células são colocadas em uma bandeja e alimentadas de acordo com uma dieta
patenteada e exclusiva, além de serem expostas a sinais biológicos parecidos
com pele verdadeira. Balooch diz que foi criado um ambiente o mais parecido
possível com um corpo humano. "Em aproximadamente uma semana, as amostras
se formam porque a pele tem diferentes camadas e é necessário cultivá-las de
modo sucessivo". Metade da pele produzida pela L'Oreál é usada e o
restante é vendido para empresas concorrentes e farmacêuticas.
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