sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Estados Unidos aprovam salmão geneticamente modificado para consumo humano



A Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA) aprovou nesta quinta-feira a produção, venda e consumo de um salmão geneticamente modificado para crescer em metade do tempo, tornando-se assim no primeiro animal transgénico destinado ao consumo humano.  

A empresa norte-americana de biotecnologia AquaBounty, a criadora deste salmão, aplaudiu a decisão das autoridades dos Estados Unidos. O peixe foi batizado de AquAdvantage e é um salmão do Atlântico ao qual se acrescentou ADN de salmão real, um gigante do Pacífico. Graças a esta modificação, os peixes produzem mais hormonas de crescimento e podem alcançar num ano e meio o tamanho típico dos três anos, que é o permitido pelo mercado.

A FDA não exige que o salmão AquAdvantage seja etiquetado como transgênico, já que “é tão seguro e nutritivo como o salmão atlântico não modificado geneticamente” e “não é materialmente diferente”.

Recorde-se que a empresa anunciou em 2010 a aprovação iminente de seu produto, no entanto este processo ainda demorou 5 anos. Na Europa, a empresa não pediu a aprovação de seu peixe, segundo informações de Josep Casacuberta, cientista do CSIC (Conselho Superior de Pesquisas Científicas da Espanha) e membro do grupo de transgénicos da Autoridade Europeia de Segurança Alimentar.

O salmão transgénico recebe o sinal verde depois de mais de 25 anos de testes. Um dos principais argumentos dos críticos do AquAdvantage é o receio dos efeitos na natureza caso o peixe escape para o meio ambiente. A FDA afirma que as instalações nas quais o animal será criado, tanques em terra na ilha do Príncipe Eduardo (Canadá) e no Panamá, “dispõem de uma série de barreiras físicas múltiplas e repetidas para evitar que os ovos e os peixes escapem”. As instalações, explica a FDA, serão vigiadas com patrulhas com cachorros e rodeadas de arame farpado. Além disso, só serão produzidas fêmeas estéreis, segundo o órgão regulador, ainda que a técnica de esterilização não seja infalível.

O peixe transgénico aprovado na quinta-feira para consumo humano nos EUA tem um precedente em Cuba. Em 1999, cientistas do Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia de Havana anunciaram que não detectaram “nenhum efeito em pessoas sãs voluntárias após consumirem tilápias [um grupo de peixes de origem africana] transgénicas” criadas em seu laboratório. E em 2015 cientistas chineses anunciaram a criação de vacas leiteiras transgénicas mais resistentes à tuberculose.

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