sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Abacaxi pode ser a solução contra a utilização de couro animal



O mundo está em constante mudança, e nós e a nossa mentalidade também. Cada vez mais o Homem se preocupa com a sustentabilidade do Planeta e procura descobrir produtos que sejam mais amigos do ambiente e dos animais. Uma das mais recentes descobertas diz respeito à invenção de um couro de origem vegetal, produzido através de resíduos provenientes das folhas de fibras de ananás durante o processo de colheita e foi chamado de Piñatex. 

Nos casamentos e eventos formais nas Filipinas, os homens muitas vestem o ‘Barong Tagalog’, que é uma peça de roupa bordada fina e transparente usada sobre a camisa. Esta peça de roupa é feita de um dos materiais mais surpreendentes: as fibras de folhas de abacaxi. Em breve os longos fios das folhas deverão ter outra utilidade e poderão ser usados para fabricar uma série de outros produtos, desde ténis e roupas a bolsas e estofados de carro.

O chamado Piñatex, ‘piña’ é espanhol para abacaxi, é um novo material criado por Carmen Hijosa, que trabalhou como consultora na indústria de artigos de couro das Filipinas durante a década 90. Ela nunca se resignou ao facto de se produzir couro através da pele de animais e foi em busca de um material alternativo. Foi então que se lembrou na força e na textura das fibras das folhas de abacaxi utilizadas no Barong Tagalog.

A descoberta veio quando Hijosa percebeu que poderia fazer uma malha não costurada a partir das folhas da fruta. Elas passam por um processo industrial que funciona de forma parecida à produção do feltro. A aparência, textura e resistência do produto final não deixam nada a desejar a nenhuma pele animal. Além disso, a confecção resulta num subproduto que pode ser utilizado como adubo, a biomassa.

Com o preço do couro extremamente elevado, devido à escassez dos animais, a fibra da folha de abacaxi pode ser uma óptima alternativa, uma vez que se torna necessário haver uma nova opção que o substitua sem ser proveniente de materiais sintéticos. Segundo a inventora, o Piñatex pode ser tingido, impresso e tratado para ter as mais diferentes texturas. 
Carmen Hijosa admite que este produto inovador vai demorar algum tempo a ser incorporado no mercado, no entanto devido às crescentes preocupações com a sustentabilidade e com os direitos dos animais, deverá haver muitas empresas têxteis que procurem e utilizem cada vez mais este tipo de produtos.
 
De referir ainda que em média, um pé de abacaxi tem cerca de trinta a quarenta folhas ao seu redor, tendo cada uma delas um metro de comprimento. Para a produção de um metro quadrado do Piñatex, são necessárias cerca de 480 folhas da fruta, ou o subproduto de dezasseis abacaxis. Países como Brasil, Tailândia, Filipinas, China, Quênia e Gana colhem abacaxis para comercialização a cada catorze meses. Na maioria das vezes as folhas ainda são desperdiçadas.


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