sexta-feira, 28 de agosto de 2015

A “Caça” às sardinhas.



Algumas das zonas piscatórias portuguesas como Peniche e Nazaré estão interditas de pescar sardinha. As cotas previstas para este ano já foram atingidas. Segue-se Portimão, que também já atingiu a cota prevista. E outras se seguirão. Claro que os pescadores não concordam, as associações e os municípios também não. Parece que ninguém está de acordo. Porque é a época de mais consumo deste peixe, porque ainda há muita sardinha, etc.

O que está realmente em causa na pesca da sardinha? 
A captura de sardinha em águas ibéricas não poderá, em 2016, ultrapassar as 1.587 toneladas, segundo um parecer científico divulgado ontem, um décimo do permitido este ano e que já tinha sido considerado insuficiente pelos pescadores.

Um parecer divulgado pelo Conselho Internacional para a Exploração dos Mares (ICES, na sigla inglesa) recomenda que os totais admissíveis de capturas (TAC) da sardinha em águas ibéricas se limitem às 1.587 toneladas, o que, na prática, equivale a uma quase interdição de pesca, face às 16.000 toneladas que foram autorizadas para este ano.
Refira-se que 70% destes TAC são para Portugal e os restantes 30% para Espanha.

Humberto Jorge, da Associação das Organizações de Pesca de Cerco afirma que “o setor em Portugal não vai aceitar este parecer”. “Isso não dá nem para uma semana de pesca” diz da Associação das Organizações de Pesca de Cerco.

Segundo o parecer do ICES, que congrega peritos de toda a União Europeia e ainda de países terceiros, como a Noruega, “a biomassa de peixes com um ano e mais de idade tem diminuído desde 2006 e está atualmente num mínimo histórico”.

Os peritos consideram que “o ‘stock’ e as capturas são largamente dominados por jovens indivíduos com baixo potencial reprodutivo. A sobrevivência destes até atingirem mais idade pode ser importante para o potencial reprodutivo” da unidade populacional”.

Recorde-se que, em 2007, os stocks de sardinhas na costa norte-americana do Oceano Pacífico apresentavam 1,4 milhões de toneladas métricas, um número, em Julho deste ano, estava reduzido a 150.000 toneladas, menos 90%.

As sardinhas são dos peixes mais importantes do mundo, servindo de alimento para as lulas, baleias, tubarões, salmões e aves marinhas. Os níveis baixos de stocks existentes a partir de Julho poderão também levar à proibição da pesca de sardinhas na costa oeste norte-americana.

Se por um lado os pescadores perdem o seu trabalho e fonte de rendimento, por outro lado, precisamos urgentemente de respeitar a natureza, reduzir o consumo, mudar os hábitos alimentares. 

Não é raro ouvir os mais velhos dizer: “no nosso tempo uma sardinha era dividida por três.” Mas parece que isto não passa de uma história esquecida no tempo. Nos nossos dias uma sardinha não é dividida por três pessoas, mas uma só pessoa pode comer mais de três sardinhas apenas numa só refeição. Para não falar nos alimentos que se estragam e vão parar ao caixote do lixo. Comer peixe ou outros animais em demasia ou estragar simplesmente parece mais do que uma ofensa à mãe-natureza que vê as suas espécies a extinguirem-se, sem que se possa proteger dos ataques constantes infligidos pelos homens.


Fonte: http://greensavers.sapo.pt; http://www.tsf.pt

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