Passados 30 anos desde o mais grave
acidente nuclear de que há registo, e que levou a que dezenas de milhares de
pessoas abandonassem as suas casas para escaparem as partículas radioactivas
mortíferas, que se espalharam por várias localidades da Ucrânia e países
vizinhos; este local fantasmagórico, e onde ninguém se atreve a entrar, está a
ser refugio para várias espécies de animais tais como: alces, cervos,
castores, corujas e até animais raros como o urso pardo, o lince e lobos.
A explosão de Chernobyl espalhou
toxinas radioativas por toda a Europa, matando milhares de pessoas com
cancro e com outras doenças relacionadas com a radiação. Continua ainda
a causar problemas em recém-nascidos na Bielorrússia, Rússia e Ucrânia. A
nuvem de material radioativo foi tão tóxica para os bosques próximos
que os pinheiros simplesmente morreram, e a área ao redor da central nuclear
estará fechada para habitação humana por centenas, senão milhares, de
anos. No entanto, um crescente número de naturalistas acredita que o acidente
pode ter produzido benefícios ambientais inesperados.
Com a ausência de humanos,
criaram-se condições ambientais propicias para que as espécies animais se
passeiem pelo que é efetivamente uma das maiores reservas de vida selvagem
da Europa, não intencional.
A “zona”, como é popularmente conhecida, tornou-se um improvável santuário para fauna mais esquiva, como o bisonte europeu em vias de extinção, que atravessou a fronteira da Bielorrússia, e uma crescente população de cavalos selvagens.
A “zona”, como é popularmente conhecida, tornou-se um improvável santuário para fauna mais esquiva, como o bisonte europeu em vias de extinção, que atravessou a fronteira da Bielorrússia, e uma crescente população de cavalos selvagens.
No final de 2014, uma câmara posicionada
por Sergei Gashchak, biólogo ucraniano pioneiro na investigação sobre biodiversidade
em Chernobyl, registou a presença de ursos castanhos, que não sendo uma espécie
em vias de extinção, não era vista na área desde há mais de um século, foram
vistos diversas vezes desde então. “Pode-se dizer que o efeito global foi positivo.”,
Afirmou Nick Beresford, professor e perito em Chernobyl, baseado no
Centre for Ecology and Hydrology em Lancaster. “A radiação envolve potencial
maior risco. No entanto, quando existem seres humanos os animais são mortos
ou perdem o seu habitat.”
Num estudo publicado a 18 de abril,
na revista científica “Current Biology” mostra que Chernobyl mais se parece com
um parque de proteção ambiental do que uma zona de desastre. Sem humanos,
bandos de alces, veados, cervos, javalis e lobos são vistos perambulando entre
ruas e construções abandonadas há três décadas. A pesquisa demonstra
empiricamente a resiliência da vida selvagem, mas também pode ajudar na
compreensão do impacto de longo prazo do desastre de Fukushima, ocorrido em
2011, no Japão.
É muito provável que o número de
animais selvagens em Chernobyl seja bem maior agora do que antes do acidente,
diz Jim Smith, da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, Isso não
significa que a radiação seja boa para a vida selvagem, apenas que os efeitos
da habitação humana, incluindo caça, agricultura e desmatamento, são muito
piores.
Dados empíricos de longa duração recolhidos pelos investigadores da
Bielorrússia durante inspeções de helicóptero, entre 1987 e 1996,
mostraram igualmente tendências crescentes nas populações de alces, veados
e javalis, tão rapidamente quanto um ano após o acidente que continuou
crescendo por 10 anos. Os javalis cresceram muito rapidamente, por
exemplo. “Muitos estavam a utilizar antigas fazendas, usando recursos agrícolas
deixados, pomares, lavouras”, diz Smith. Ainda mais significativo é que estes
aumentos constantes ocorreram durante um período em que todos os números dessas
espécies vinham desaparecendo noutros países da antiga União Soviética.
Após o colapso da União Soviética, as mudanças sócio-económicas maciças
aumentaram a pobreza rural e enfraqueceram a gestão da vida selvagem,
mesmo as espécies de predadores (como os lobos), que muitas vezes se escondem
dos humanos, encontraram o seu lugar dentro da zona de exclusão também, como se
o local do desastre começasse a transformar-se num verdadeiro santuário para
muitas espécies. “Linces euro-asiáticos e ursos marrons têm naturalmente
colonizado a zona”, diz o ecologista Jim Beasley, da Universidade da Georgia, e
co-autor do estudo, acrescentando: “As grandes, disseminadas e estáveis
populações de predadores de topo mostram a produtividade de um sistema. Você
não pode ter grandes predadores de topo em lugares onde não há variedade
suficiente de comida para eles comerem.”
Os investigadores estão ansiosos para salientar que os efeitos negativos
devido à exposição à radiação a longo prazo em animais individuais ainda podem
surgir; no entanto, as suas descobertas sugerem que estes não excluem os
efeitos positivos que o abandono humano de Chernobyl teve sobre os números das
populações de animais selvagens na área. “Nós sabemos que os animais de áreas
contaminadas continuam a acumular altos níveis de radiação dentro de seus
tecidos do corpo, mas quaisquer potenciais efeitos sobre os indivíduos são
fortemente ofuscados pelo fato de que nós ainda vemos abundância e, mais
importante, populações auto-sustentáveis para toda uma variedade de
animais.”
Em Chernobyl ocorreu o pior desastre nuclear de sempre, sinónimo de morte e
imagens apocalípticas, agora se assemelhar a uma reserva natural repleta de
vida selvagem, serve para nos lembrar da resiliência da natureza, mas também ilustra
com clareza brutal o poder destrutivo que a presença humana tem sobre o meio
ambiente. Em suma, diz Smith, “quando os seres humanos são removidos, a
natureza floresce, mesmo no rescaldo do pior acidente nuclear do mundo.”
Mas, este autor é rápido em acrescentar: “O que nós estamos a dizer não é que a
radiação é boa para os animais, mas que a habitação humana, a ocupação e a
utilização de uma paisagem é pior.”
Fontes: https://insider.pro/pt/article/81788/; http://zh.clicrbs.com.br; https://www.curioso.blog.br; http://conhecimentoaocubo.blogspot.pt
Fontes: https://insider.pro/pt/article/81788/; http://zh.clicrbs.com.br; https://www.curioso.blog.br; http://conhecimentoaocubo.blogspot.pt
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